Quando a creche começou a ser concebida, há dois meses, a comunidade de Pontal, vizinha à Unidade Cloro-Soda da Braskem, não sabia muito bem o que significava esse novo sistema construtivo. A obra, se seguisse os preceitos tradicionais da construção civil, duraria de seis a nove meses. Com o novo método, atesta o engenheiro Luiz Carlos Albuquerque, da construtora Borges & Santos, responsável pela execução da obra, pouco mais de dois meses serão gastos. A nova Escola Creche, inovadora sob todos os pontos de vista, é a primeira em PVC Concreto do país. Muito mais bonita, planejada e espaçosa, ela terá condições de aumentar o atendimento de 150 para 250 crianças de até 5 anos.
Além da maior velocidade e do fato de ser totalmente reciclável, o método, desenvolvido pela empresa canadense Royal, e que une três materiais básicos: o PVC, o concreto e o aço, proporciona maior durabilidade, com uma vida útil de 25 anos, necessidade mínima de manutenção e redução significativa de perdas ou desperdícios de materiais. Do PVC obtêm-se as placas, que são preenchidas com o concreto e as barras de aço. Por isso, a solidez, notada logo de cara. Aliás, quando se chega à obra, fica evidente que se está diante de uma nova maneira de construir, a começar pelo barulho e pelos resíduos finais, que quase não existem. “A área do Pontal da Barra é aberta, em frente ao mar, com maresia intensa e poder de corrosão muito forte. Aqui é preciso fazer intervenções constantes. Se construíssemos essa escola no método tradicional, com certeza ela apresentaria, em pouco tempo, algumas patologias, como umidade, fungos e mofo, um risco para as crianças”, informa Jorge Bastos, assessor da Diretoria Industrial da Unidade de Vinílicos da Braskem.
A realização do sonho da nova Escola Creche Mestre Izaldino está sendo possível por força das ações do Instituto Lagoa Viva, programa de educação ambiental para formação de professores, criado em 2001 pela Braskem e patrocinado pela empresa. O bairro, que padecia da falta de oportunidades econômicas fora do horizonte do artesanato e da pesca desordenada, presencia uma cena que vai além da construção da primeira escola PVC Concreto do Brasil. “Esse novo sistema de construção confirma o processo evolutivo pelo qual a comunidade está passando. Quando as pessoas são formadas e conscientizadas dentro do conceito da educação ambiental, elas consequentemente vão querer viver em um lugar melhor, com seus sonhos e anseios supridos”, reforça Lenice de Moraes, Presidente do Instituto Lagoa Viva.
Lenice também é coordenadora pedagógica de um dos programas do Instituto, o de Formação Continuada, ministrado à comunidade e aos professores da Creche Escola Mestre Izaldino. O outro curso é o de Especialização e Gestão em Educação Ambiental para professores da rede pública, fruto de um convênio entre a Braskem e a Fundação de Pesquisa (Fundepes), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pós-graduação reconhecida pelo MEC.
A palavra perspectiva saiu dos relatórios para se juntar a uma outra, talvez, um pouco mais temida: futuro. Juntas e alicerçadas no tripé educação, tecnologia e qualidade de vida, elas têm permitido o ingresso de uma nova geração de moradores no Pontal da Barra. Cíntia Oliveira, 24 anos, é um exemplo. A jovem, graduada em Pedagogia, além de ter sido professora da Creche Escola Mestre Izaldino e atualmente lecionar na Escola de Ensino Fundamental Silvestre Péricles, no Pontal, é uma das 49 pessoas que se formaram na primeira turma do curso de Gestão em Educação Ambiental.
“O Pontal está se tornando uma referência. Em grande parte por causa do Instituto Lagoa Viva. A estrutura pedagógica da creche, alinhada a projetos relevantes que dizem respeito a temas sociais, econômicos e ambientais, é eficiente, sobretudo porque extrapola os muros da escola para as casas dos alunos”, descreve Cíntia. Ela acrescenta: “Por meio da especialização, pude me embasar melhor, refletir e ampliar os horizontes. O que acho mais interessante é poder levar a complexidade dos assuntos ambientais para a sala de aula sem banalizá-la.” A próxima turma se forma no meio do ano e a terceira, em 2010.
O Programa Lagoa Viva ampliou sua atuação a todo o Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba, que forma o mais importante bioma de Alagoas, reunindo 26 municípios. Além dos dois cursos de educação ambiental, há várias oficinas profissionalizantes, que abrangem hidroponia, inglês, artesanato tradicional, arte com plástico, corte e costura, panificação, monitoria ambiental, teatro, música, dança e o Programa Pescadores de Mel, atividade econômica que atende hoje 100 famílias de vários municípios (que tiram seu sustento da comercialização do mel, da cera e da exclusiva própolis vermelha produzida na região). A nova Creche Escola Mestre Izaldino se agrega a esse movimento destinado a gerar, com intervalos cada vez menores, pequenas grandes cenas como a que abriu esta reportagem.