28 de fevereiro de 2008

Salve Manoel de Barros!


"Desaprender oito horas por dia ensina os princípios."
E são eles que nos salvam.

Num só abraço



A primeira coisa que veio à sua memória foi uma lareira. Apesar da recordação ter durado alguns minutos longínquos ela não supôs que sua cabeça fosse boa. Era, tanto quanto ela podia imaginar, bastante ordinária. De qualquer modo, sendo ou não sendo banal, naquele pouquíssimo tempo ela havia se lembrado de coisas que em épocas normais levar-se-iam, no mínimo, três dias para que tudo se colocasse naquela ordem. Como disse, lembrou-se da lareira e de um pouco mais e danou-se a chorar. Topetuda que só vendo, ela conservou-se grande e incógnita. Seu chororô durou bem pouco. Foi o tempo que sua primeira lágrima levou até cair ao chão e sumir. E não foi para tanto. Dentro de toda aquela grande dor não existia som de pancadas, tiros, pragas nem de tilintar de esporas. Era um medo meio besta. Um medinho, que segundo ela, vinha lá da alma, de um canto da alma, talvez. Era receio de começar de novo. Zangava-se ao perceber que até quando dormia ele aparecia de um jeito ou de outro. E quando já era dia, zangava-se ainda mais quando percebia que lá estavam os devaneios de quem inda lembra, de quem inda tem apreço e de quem inda gosta demais. Do seu azedume até ela já devia estar farta. Mais ainda empanzinada de sorrisos amarelos e dias de nenhuma cor. Era coisa só dela, ninguém era capaz de ver, muito menos de sentir. De toda história, confesso, não sei. Só me disseram que dia desses o amor dela voltou. Voltou porque nela havia pedaços dele próprio. Penso que devem estar encolhidos um no abraço do outro, misturados num só corpo, vivendo felizes, em clemência àqueles que nunca tiveram um grande amor.


25 de fevereiro de 2008

I drink your milkshake!



Após ler a matéria de capa da Revista Veja dessa semana, saber que artista que pinta com pênis vai concorrer a prêmio máximo na Austrália, ouvir que a Amazônia Legal terá fiscalização permanente em áreas devastadas, assistir à prisão do homem-aranha, e constatar que a premiação do Oscar foi um sucesso, me resta, assim mesmo sem adjetivos!, deixar em ‘alto’ e bom tom meu boa noite. Aliás, à vitória comovente de Marion Cotillard (atriz de Piaf!), o meu - ainda que chinfrim - bon soir! :)


24 de fevereiro de 2008

Após três tentativas de me dar bem no mundo dos blogs...


O primeiro, o ‘Pão de queijo’, gostosíssimo como o nome sugere, criado e escrito em parceria com as jornalistas Keila Vieira e Isabela Senra, deu muito certo. Ficamos durante uma semana na lista (acho que da globo.com) de blogs mais lidos do país. O ‘Primeiras Estórias’, cujo nome era um singelo tributo ao livro de Guimarães, era escrito – com uma freqüência de dar inveja aos blogueiros mais disciplinados – apenas por mim. O que deveria ser um exercício quase diário de cronista transformou-se em relatos excessivamente pessoais. Cansei e penso que meus leitores, idem. O 3º, coitado!, teve uma existência infame. Durante pouco mais de um mês foi alimentado com dois únicos posts. Sem mais dizer, um fracasso.

A 4ª tentativa, esta, ainda que seja precoce dizer, pretende ser a mais bem-sucedida. “Ao correr da máquina”, não terei a preocupação de ser interessante. Assim, como quem não quer nada (é um charme dizer isso!), deixo livre o que quiser ser parido. De tolices a divagações filosóficas, com rima ou sem rima, este é meu espaço.

Aprendendo a viver, com um pouco menos de pretensões, apresento-lhes o “A graça é este instante”. Deite e role. Farei o mesmo.

Com carinho,
Renata.