14 de junho de 2008

BAQUE VIRADO propõe novo movimento cultural em Belo Horizonte



Estréia em Belo Horizonte nesse mês de junho o Movimento Baque Virado, idéia que nasceu do desejo de reunir boa música e pessoas antenadas com o que rola de mais original e inusitado no cenário cultural. O ‘Baque Virado’, nome que vem da cultura do Maracatu e significa duplicar o toque da orquestra de percussão, dobrando o som, presta na sua 1ª edição, uma homenagem à cultura pernambucana. Otto, ex-percussionista da primeira formação da Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, os Djs, Chicão e Zubreu, e os Vjs, Daniel e Pedro, compõem esse movimento que anuncia ultrapassar as batidas comuns. Dia 27 de junho, sexta-feira, às 22 horas, no Soul Uai (Jardim Canadá, atrás do Mix Garden).

Produzido pela ‘Patuá’, produtora de eventos musicais que tem como objetivo promover o intercâmbio da cultura brasileira, o 1º Movimento Baque Virado surge como nova opção de diversão na capital mineira. Além de fazer circular diferentes manifestações artísticas, o ‘Movimento’ pretende mostrar que há um mundo musical surpreendentemente rico a ser explorado. A experimentação e fusão de elementos regionais, globais e contemporâneos vêm de encontro com a proposta do ‘Baque’. Segundo Salmer Martins, produtor e um dos criadores da Patuá, uma das intenções é, de fato, preencher as lacunas do mercado cultural belo-horizontino. Para ele é apenas o começo, já que a proposta da produtora é realizar mais três edições do ‘Baque Virado’ em 2008. “Um passo a frente e você já não está mais no mesmo lugar”, arremata Salmer, citando o mestre do ‘mangue beat’, Chico Science.

Otto, nascido no sertão pernambucano, e hoje, artista do mundo, foi o escolhido para representar o “1º Movimento Baque Virado” em Belo Horizonte. O músico, que viveu e tocou na França, passou pelo Rio de Janeiro e São Paulo, rumou para o Recife – quando conheceu Chico Science e Fred Zero Quatro –, criou seu estilo, a partir de diversas correntes, histórias, percepções e influências. Autor de um trabalho inventivo e estimulante, numa colagem de maracatu com ‘drum'n'bass’, forró com rap, raiz com modernidade, o pernambucano e seus parceiros de banda apresentam em BH um show criativo, com um repertório que passeia pela trilogia “Samba Pra Burro”, “Condom Black”, “Sem Gravidade”, e vários outros trabalhos.

A pista, antes e depois do show de Otto, fica por conta dos Djs, Chicão e Zubreu, que vão tocar o melhor da MPP (Música Popular Pernambucana); samba-rock, emboladas, maracatus, eletrônica e dub, todos bem temperados. Também em cena os Vjs, Daniel e Pedro, cujas imagens inéditas darão à noite o tom de surpresa. Os quatro, acostumadíssimos com a tríade ‘música, diversão e arte’, prometem dar o que falar e o que dançar.

Como a idéia é essencialmente se divertir, está sendo criada uma estrutura, na qual a segurança e o conforto têm lugar de destaque. Sinalização nas proximidades do local, monitoração dos veículos, segurança reforçada, parceria com o ‘Focaccia Bar e Restaurante’, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, iluminação e som de qualidade e decoração temática são alguns dos itens que fazem parte do “Movimento Baque Virado”. Para Carol Falci, uma das produtoras da Patuá, um público exigente espera que em bons eventos haja a combinação de diversão, conforto, segurança e alegria. “Estamos trabalhando para que o ‘Movimento’ seja impecável e chegue para ficar”, conclui.


1º Movimento Baque Virado - [Otto + Djs + Vjs]
Dia: 27 de junho, sexta-feira, às 22 horas
Local: Soul Uai (Jardim Canadá, atrás do Mix Garden)
Ingressos: R$30,00* (antecipado) e R$40,00* (no local)
*1/2 entrada estendida a todas as categorias
Ponto de Venda: Black Boots
(Rua Fernandes Tourinho, 182, Savassi / BH – Tel.: (31) 3281-8845)
Mais informações: (31) 8711-3008


[Imagem: Carol Falci]

Toninho Horta & Orquestra Fantasma



Reacende uma das mais ensolaradas parcerias na Música Popular Brasileira. Na próxima terça-feira, dia 17 de junho, às 21 horas, Toninho Horta, um dos mais importantes guitarristas de todos os tempos, e a lendária Orquestra Fantasma sobem ao palco do Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia – Belo Horizonte), para mais um espetáculo de ritmo, fraseados, melodias e harmonias. Acompanhado pelos músicos da formação original da Orquestra Fantasma, Lena Horta (flautas), André Dequech (teclados), Yuri Popoff (baixo) e Esdra “Neném” Ferreira (bateria), Toninho volta a sobrevoar o mundo com sua música misteriosa, rica, etérea, mineira – portanto, universal – e infinitamente criativa.

No repertório, cerca de vinte músicas, dentre elas, as inéditas “Dobrado”, “Ilha terceira” e “Canção da Juventude”, “Vôo dos urubus” e “Céu de Brasília”, co-assinada por Fernando Brant, ambas gravadas no disco “Terra dos Pássaros”, os clássicos instrumentais “Foot on the road” e “Minas Train / Trenzinho do caipira”, as canções “Waiting for Angela”, “Pilar”, “Liana” e “Manuel o audaz / Prás crianças”, regravadas em vários estilos e por grandes músicos Brasil (e mundo) afora, e o ‘rap’ interessantíssimo “Tecno Burger”. Também participam do show o guitarrista, filho de Toninho, Manuel Horta, o violinista austríaco Rudi Berger, as cantoras Carla Villar, que acaba de lançar um CD só com canções de Toninho Horta, e Bianca Luar, além do ‘rapper’ Renegado.

A ‘Orquestra Fantasma’ nasceu em Los Angeles (EUA). Quando o compositor, cantor e instrumentista, Toninho Horta, estava gravando seu meu primeiro disco em 1976, o “Terra dos Pássaros”, um dos seus grandes sonhos era colocar uma orquestra de verdade, com cordas, madeiras, metais e tudo o que se tem direito. No entanto, naquele, que era um dos primeiros álbuns independentes do Brasil, lançado em março de 1980, a realidade impunha, por conta da falta de recursos, uma orquestra fantasma. Na ocasião, o tecladista Hugo Fattoruso e Toninho começaram a imitar trompas, violinos e cellos, com o teclado mini-moog e a guitarra com pedal de wa.

Em 1981, após dois discos lançados pela EMI (antiga Odeon), Toninho conta que reuniu, em Belo Horizonte, os melhores músicos de sua geração. Formava-se, com Lena, André, Yuri e Esdra, a banda que já o acompanha há 25 anos. “Minha liderança sobre a Orquestra Fantasma é apenas figurativa, pois os outros maestros da banda tocam seus instrumentos de forma inusitada, pessoal e divina.” Assim, em tom de legítima generosidade e companheirismo, Toninho e seus amigos fazem bonito por cada lugar do mundo que passam. Em Belo Horizonte, quem sabe, ainda mais.


SERVIÇO:
Toninho Horta & Orquestra Fantasma
17 de junho de 2008, terça-feira – 21h00
Local: Teatro Sesiminas
Endereço: Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia
Preço: 30 reais (inteira) e 15 reais (meia-entrada)
Censura Livre


[Foto: Manuel Horta]

3 de maio de 2008

Saudades de Fernando Sabino



Olhando o mundo longamente
este sabia que a vida lhe saudava com inspirações
largas e demoradas.
Por isso cortejava as almas que passavam
com e sem finalidade.

Liberto desde sempre
Levantava-se pois jamais nada era traição
nem agitação feroz nem insignificância.

A palavra lhe teve
como se no íntimo soubesse que ali era lugar de alívio
e que pelas mãos do escritor nasceriam coisas incríveis.

Velho Sabino,
sua história está apenas alvorecendo.

Sábios, comuns e mentecaptos
Confiantes na vida
Absortos na vida
com corações em prantos
te saúdam e choram.



[Escrito em 10 de outubro de 2004.]

1 de maio de 2008

Sonhos e reformas



Estou com certo receio de soar piegas, numa espécie de era-bom-ser-criança. Não apenas por falar de amor, mas por se tratar de algo ainda em suspense, ainda por acontecer, ainda em... Perdão! Quero dizer, estou com medo de soar cafona. Cafona? Que palavra mais antiga! Talvez mais estranha do que antiga. Acordei que sonhava e sonhava que tudo ficava muito melhor quando estamos na fase apaixonada e apaixonante de enviar girassóis, sonetos de Vinicius e coisas gastas, mas inéditas por um momento. Quero dizer, imagens já tão usadas pelo imaginário romântico, piegas e cafona, com um orgulho que só ele entende. Ele? Sim, o imaginário.

Mas a verdade é que sempre que dou festas para alguém dentro de mim, sinto-me liberta e emancipada de sentimentos caóticos. E aí penso: eu queria arrumar a casa antes de um novo amor chegar. Pintar algumas paredes. Mudar os quadros de lugar e comprar aquele lindo que fez aniversário num antiquário perto de casa. Forrar o sofá com uma capa azul escura. Trocar de lugar a cadeira antiga que fora dada pela bisavó portuguesa, pouco antes de morrer. Comprar móveis novos para cantos tristes e vazios. Lírios ou gérberas? Talvez orquídeas brancas. Ah, é verdade! Preciso comprar taças. Sim, elas são importantes nessas ocasiões em que a alma resolve festejar. Que elas sejam de um fino cristal ou um vidro igualmente fino que o imite, se possível. Novas opções de entrada, prato principal e sobremesa são importantes. Vinho! Claro, um bom vinho é imprescindível. Um gole após aquele silêncio estridente não seria um exagero? Ou seria apenas insegurança? Guarde um pouco para o estalar daquele segredo que obviamente nunca foi segredo.

- E você nem desconfiava?
- Não.
- Não?
- Não!
- Ah...




A campainha tocou (...)

21 de abril de 2008

‘Comida di Buteco’



Inevitável, belo-horizontina da gema que sou, não passar ilesa pela 9ª temporada comida di buteco, iniciada no último dia 11 na capital mineira. Apreciadora voraz de cachaças e tira-gostos incendiários, escolher o boteco da vez, em meio a uma lista de 41, e correr contra o tempo e o fígado pra dar conta de todos (ou boa parte!) serão meus melhores passatempos nos meses de abril e maio. Entre um e outro ‘arremesso de palitinho’ e ‘levantamento de copo’, bom mesmo é celebrar o que quer que seja. Com direito a pratos pra lá de criativos, cerveja gelada, música de primeira e prosas, ao gosto do cliente, a velha máxima de que “ninguém faz amigos numa leiteria” cai aqui como uma luva. Absolutamente imperdível.


Algumas sugestões:

Bar do Careca

Rua Simão Tamm, 395, Cachoeirinha / (31) 3421-3655
SURPRESA DO CARECA: dobradinha à milanesa com mini batatas fritas no bacon e molho especial da casa.

Bar do Doca
Rua Américo Macedo, 645, Gutierrez / (31) 3291-6594
MOQUECA DE CARNE-DE-SOL: medalhão de carne de sol recheado com queijo coalho e banana, mergulhados no molho, com palmito de pupunha e pimenta biquinho. Acompanha farofa de torresmo.

Bar Temático
Rua Perite, 187, Santa Tereza / (31) 3463-7852
COM A MÃO NO RABO DOCE: rabada assada no bafo, servida com batata doce e agrião.


E você? Já foi a um dos bares?
[Imagem do prato "com a mão no rabo doce", do Bar Temático.
Fonte: Site oficial do Comida di Buteco.]


Amor aos livros e à São Jorge



“Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem.” (Jorge Ben em Jorge de Capadócia / Disco Solta o Pavão, 1975)

Dia 23 de abril, dia de São Jorge e dia mundial do livro, é a data escolhida pelo Sempre Um Papo há 12 anos, para celebrar o amor ao livro e à literatura. Inspirado na tradicional festa catalã, o projeto apresenta na próxima quarta-feira em Belo Horizonte uma extensa programação cultural, toda ela com entrada franca. Em moldes brasileiros e espanhóis, a colorida Praça da Liberdade, onde inclusive estão expostas algumas das belíssimas esculturas de Amilcar de Castro, empresta seu cenário para uma celebração que une arte, diversidade cultural e, porque não, generosidade.

As referências à literatura no dia 23 são inúmeras. Marca, curiosamente, o nascimento e a morte de William Shakespeare (1564-1616); o falecimento de Miguel de Cervantes, autor célebre de “Dom Quixote de La Mancha”; o “Dia do Livro” em diversos países do mundo e, dentre outros, o “Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor”, declarado pela Unesco em 1995. Juntando a tudo isso um ano de 2008 repleto de comemorações tupiniquins, dentre as quais, os 50 anos da bossa nova, está armada, para o bem de todos os credos, a Festa São Jorge de Livros e Rosas.

Enquanto os participantes trocam livros novos e usados por rosas, os quais serão doados para oito bibliotecas comunitárias de Minas, a “Corporação Musical Santa Cecília”, banda de Barão de Cocais, anima a festa, a partir das 18h, com um amplo e irreverente repertório que passa pela bossa nova e samba até o tipicamente brasileiro forró. Monitores e alunos do “Espaço Dança”, além de rodopiarem pela Praça, também vão ensinar os passos. Às 20h, a “Cia. de Dança Flamenca Los Del Rocío” celebra a cultura espanhola mostrando um dos seus grandes ícones, a dança. Durante o evento, os atores Júlio Vianna e Reginaldo Santos, integrantes do “Grupo de Teatro 4comPalito”, em cartaz no Teatro Francisco Nunes com a peça Quixote, encenam uma performance cheia de surpresas.

Em tempos de políticas controversas, celebrar a arte catalã em terra verde-amarela é um ato, em primeiro lugar, de etérea elegância. Salve Guerreiro Jorge.


Festa São Jorge de Livros e Rosas
23/04/2008, quarta-feira, entre 18 e 21h
Praça da Liberdade (s/n – Funcionários)
Mais informações: (31) 3261-1501

6 de abril de 2008

Fragmentos de uma passagem primorosa



Esticando a onda de bons encontros, descobri no final do mês passado no ateliê do artista plástico Sergio Fabris em São Paulo, uma das vozes femininas mais instigantes, que é para não parar apenas no "bela" e "forte". Desde Mônica Salmaso, em um show no final de 2006 no SESC Vila Mariana, também na capital paulista, que eu não era apresentada a uma interpretação tão comovente. Uma cantora com conhecimento, musicalidade, interpretação segura e maturidade técnica surpreendentes tem mesmo é de cantar. Para a glória de quem já a tinha visto soltar a voz nos anos 80 foi o que a belo-horizontina Gisella decidiu fazer em 2003, numa retomada corajosa, depois de mais de uma década distante dos palcos.

Hoje, inteira, como ela mesma se define, sua transição do mundo corporativo para o mundo da música, não por acaso, atende pelo nome de "Passagem", seu CD que de 'capricho da sorte' não tem nada. Ao contrário, uma reunião bem feita de gente muitíssimo especial, leiam-se, dentre outros acertos, os compositores e uma banda, composta por Wagner Tiso (piano, acordeom e, há de se dizer, arranjos e regência), Celso Moreira (violão), Zeca Assumpção (contrabaixo), Robertinho Silva (bateria e percussão) e participações de Victor Biglione (violão de aço) e Zé Renato, que canta em 'Lira do bem querer', de Celso Moreira e Murilo Antunes.

O trabalho, no qual inclusive há muito do "Clube da Esquina", embora quase todas as músicas sejam inéditas, é um convite 'simplesmente simples' para além das próprias melodias, facetas, cores, nuanças, climas e letras. No compasso do trabalho árduo, mas também das eventuais surpresas ('... E a Gente Sonhando', segunda composição de Milton Nascimento, gravada somente pelo grupo Tempo Trio, em versão instrumental, e por Alaíde Costa foi uma sugestão do próprio Bituca para a cantora), Gisella, mais do que nunca, está muito certa de que 'ainda temos tempo'. O resultado é tão adequado quanto o nome dela na história da MPB.


Repertório de Passagem:

01. AZUL DE PASSAGEM (Flávio Henrique / Márcio Borges)
02. CAPRICHO DA SORTE (Sérgio Santos / Murilo Antunes)
03. OS CAFEZAIS SEM FIM (Wagner Tiso / Fernando Brant)
04. CANTO DE DESALENTO (Toninho Horta / Rubens Théo)
05. CHORO PRA ALICE (Celso Moreira / Fernando Brant)
06. BIROMES Y SERVILLETAS (Guardanapos de papel) (Leo Masliah / versão: Carlos Sandroni)
07. AINDA TEMOS TEMPO (Renato Motha / Malluh Praxedes)
08. CONTOS DA LUA VAGA (Beto Guedes / Márcio Borges)
09. MARACANÃ (Tavinho Moura)
10. LIRA DO BEM QUERER (Celso Moreira / Murilo Antunes)
11. SIMPLESMENTE SIMPLES (Ladston do Nascimento / Antônio Martins)
12. ISADORA (Manoel Musa / Antônio Martins)
13. ...E A GENTE SONHANDO (Milton Nascimento)
[Foto: Graziella Widman]

3 de abril de 2008

Muito além do amor



Numa segunda-feira. Ela, uma morena de olhos envolventes, desses que acariciam ternamente sem reserva, lábios inquietos, ventre bem feito e corpo aceso. Ele, um homem de cuja estampa era incomum e os sorrisos demasiados. Ao se aproximarem, numa seqüência em que os sentimentos pareciam estar estupidamente em câmera lenta, voltaram-se um para o outro como se aquela cena fosse fruto de uma imaginação imprudente, um lapso irremediável. Eles se olhavam, como a propor que a intimidade afastada jamais havia sido perdida. Miraram-se como se aquele encontro fosse uma representação de todos os incontáveis encontros que não existiram nos últimos catorze meses. Passou-se, num instante pequeníssimo, muito de uma vida que deixara de ser. A diplomacia pregada ali, inclusive, era um instrumento de defesa, uma pura e ingênua encenação.

Ele quis conferir um tom pessoal à conversa tímida que se estendia. Ela, por sua vez, não seguia adiante da forma que sua vontade, em outras ocasiões, atribuiria. E embora gestos simpáticos lhe fossem peculiares, pouco mais de meia dúzia de palavras eram ditas com certa naturalidade. Nada, porém, poderia evitar a reincidência daquela ordem várias vezes contada em tantas histórias. Viu-a assim, real e próxima, e embaralhada com tanto silêncio. Não havia nada a fazer a não ser aguardar pela espontaneidade que sempre favorece àqueles que amam sem pudor. Seus olhares pareciam, propositalmente, paralisados numa direção em que cruzá-los não seria possível. Em pouco tempo, pois o fato de saberem-se ali lado a lado levavam-nos para o caminho menos equívoco. Sabiam também que todo aquele controle, em segundos, seria posto à prova.

Foi, então, que em pouquíssimos minutos, ele voltou-se para ela e acariciou suavemente seus cabelos negros, que estão sempre a balançar para todos os lados. Sua boca busca seu ouvido para um pequeno segredo. Enquanto ela encaixa o pescoço e repousa seu rosto sobre o ombro dele. Procuraram certamente por outros ombros, mas aquele longo e meticuloso abraço de ternura não enganava nem o mais distraído. Os joelhos a se tocarem e os olhares a percorrerem vagarosamente as expressões, suspeitíssimos de que ali estavam os mais sinceros carinhos. E quando se olharam nos olhos da forma mais intensa, refletiram cada um consigo que eram exatamente aquilo que pensavam um do outro quando o amor se confirmou pela primeira vez.

De repente, com o hálito de vinho francês, que por sua vez sobreleva e exulta, eles se movimentam, se misturam, se confundem, se entregam à ardência e explosão do corpo que voraz ganha som, descem-lhe às entranhas, penetram-lhe os ossos e inundam-lhe por completo. Fecham os olhos como se pudessem prolongar a sensação de prazer, de encanto, de deleite. Era aquela sua amada. Era ele por quem esperara desde sempre. Estavam ali as formas recriadas e ligadas pelo limite inexistente.

Deles restava apenas o eterno grito (...)

[Foto: gettyimages]

1 de abril de 2008

Mondolivro, o Blog Sonoro da Literatura


A idéia é gostosa. Um blog sonoro, no qual assuntos relacionados com o mundo do livro são notícia. No ar há pouco mais de uma semana pela Rádio Guarani, o "Mondolivro", concebido e produzido por Afonso Borges, criador do "Sempre Um Papo", considerado um dos maiores projetos de incentivo à leitura do país, surgiu de um desejo antigo de Borges de levar para o rádio histórias divertidas e criativas sobre o universo literário.

Desmistificar a literatura e levá-la para muito mais perto do público é o que tem feito Afonso há mais de 22 anos. O "Mondolivro", que conta com o patrocínio da Patrimar, dona da idéia precursora de construir bibliotecas em prédios residenciais, é a mais nova ação nesse sentido.

Uma sugestão de leitura. Festivais literários pelo Brasil e mundo, feiras do livro, salões, bienais. Notícias em primeira mão sobre autores, seus novos livros, o que estão fazendo, onde e porquê. Histórias curtas, casos sobre livros e escritores. Curiosidades envolvendo o livro e a transversalidade com outras artes – cinema, teatro, música, artes plásticas. Tudo isso, e mais o que der na telha, é o que tem contado Afonso Borges aos ouvintes, diariamente, na Rádio Guarani de Minas Gerais (96,5), às 9h10 e 18h30. Ouça aqui duas edições do Mondolivro.

30 de março de 2008

Desejo pra mim


Pois no conforme vejo,
que de repente aquele não era meu
lugar,

não era tempo de chuva,
tampouco de dias nublados.
Mas quem ali ousava em querer
alguma natureza palpitante ou
pedir licença pra ver o sol pouco ocluso?

Peço a quem puder socorrer minha
fraqueza,

que abrevie esses dias e me conceda
um rosto sem dor e sem impaciência.
Que cesse de uma vez minha culpa vã
que faça partir todos os desesperos noturnos
e terrores diurnos.

Que a vida é breve.
E um dia todos os versos serão perfeitos.

23 de março de 2008

Em "Chega de Saudade" é melhor ir além, nem que seja em uma só noite



O novo filme da diretora Laís Bodanzky, Chega de Saudade, certamente deve estar colhendo vários elogios nessa sua recente temporada de lançamento. Além do roteiro de Luiz Bolognesi muito bem alinhado, a fotografia do mestre Walter Carvalho desconcerta. Mestre como a poucos pode-se conceder essa façanha. Muito mais do que um bom artifício técnico, a fotografia de Carvalho no segundo longa de Bodanzky (o primeiro foi “Bicho de Sete Cabeças”), se apresenta como personagem. E sua boa interpretação, mais os rodopios da câmera, redefinem por completo o que poderia ser ‘simplesmente’ um bom filme. Mais do que isso, é uma verdadeira ode ao empenho, ousadia, labuta, risco, paixão pelo cinema!

A diretora, quando participou da pré-estréia em Belo Horizonte, dentro da programação do projeto Sempre Um Papo, disse aos espectadores que parir aquele filme havia lhe custado noites longas de insônia. E perguntada sobre a diferença do “Chega de Saudade” e “Bicho de Sete Cabeças”, ela foi enfática: “Por incrível que pareça, Chega de Saudade foi muito mais difícil de fazer. A relação entre os personagens é muito mais complexa, sem contar a própria dinâmica do filme.” Imagino que não tenha sido mais difícil, porque Laís, com calibre para isso, se cercou de gente boa demais. Além de Carvalho e Bolognesi, estão Paulo Sacramento na montagem, Marcos Pedroso na direção de arte, BiD na trilha sonora (uma delícia!), Caio e Fabiano Gullane na produção, dentre outros.

Os personagens, vibrantes até quando quietos, parecem se valer da máxima de que a vida é agora. Todos, exatamente todos, querendo tirar uma casquinha do tempo presente. Para tanto, emoções à flor do baile, já que toda a história se passa em um numa única noite. Ao som da banda ‘Luar de Prata’, na qual Elza Soares e Marku Ribas são os crooners, Tônia Carrero, Leonardo Villar, Cássia Kiss, Stephan Nercessian, Betty Faria, Mirian Melher, Maria Flor, Paulo Vilhena, dentre outros, sacaram que os personagens a que dão vida não estão ali por acaso. Afinal, é melhor ir além, ainda que em uma noite apenas.

Assim como fizeram os últimos longas sanguinários do cinema nacional, espero que “Chega de Saudade” possa levar milhares de pessoas às salas de cinema. Além disso, que a nova obra de Laís possa incitar a discussão de que, ao contrário do que ainda se diz, nosso cinema há tempos atravessou as fronteiras da Cidade de Deus.


Em cartaz em Belo Horizonte:


Revista Kino



Em meio a tanta picaretagem no cenário midiático, a Revista Kino (cinema em alemão) é uma boa surpresa e, oba!, tupiniquim. A idéia segue o que já deixou de ser uma tendência no mundo global (e pirado!) de informações de todos os tipos, formas – simultaneamente em todos os cantos. Ufa! Na real, embora virtual, prega-se a participação livre e coletiva de quem tem algo para mostrar e que, óbvio, faça parte do contexto do tema. Valem ilustrações, fotografia, grafite, textos... Simples. Se gostarem, você ajuda a construir a Revista e aparece para esse mundo cibernético cheio de possibilidades.
A cada dois meses, uma película será o assunto da vez. Na edição atual, que é a quarta, quem está na tela é a obra-prima, frenética, Corra, Lola, Corra, do diretor alemão Ton Tykwer. “Volver”, do Almodóvar, já em construção, é a próxima.

Legal.

21 de março de 2008

A gente reza e sai de casa!



Pagando de cicerone nesse feriado silencioso de BH, sugiro para quem estiver por aqui amanhã, sábado de aleluia, uma programação farta e nem um pouco monótona. Y-e-a-h!

Garanta seu ingresso e confira "Sombras de Goya", com o sempre doidão Javier Bardem. Para os marmanjos e remanescentes de "Closer – Perto Demais", quem encarna a mocinha da trama é Natalie Portman. O tcheco Milos Forman assina a direção tendo no currículo obras preciosíssimas, dentre as quais, "Um Estranho no Ninho", "Hair", "Na Época do Ragtime", "Amadeus" e "O Povo Contra Larry Flynt". No Belas, às 17h.

Pra quem é de café e prosa gostosa, caia até o Santa Sophia Café. Uma dica: o bolo aos quatro leites e o cafezinho coado na hora. Lindos! :)

Deu vontade de ver coisa ousada, pop e mega criativa? Leia mais aqui e não perca, pelo amor de deus!, a exposição "Gringo Cardia de todas as tribos", com entrada franca, no Palácio das Artes.

Ritmo lento? Peraí... Logo ali no Grande Teatro, do mesmo Palácio, às 21h, Renato Russo – A Peça, com Bruce Gomlevsky. Sim, esse mesmo da imagem (foto: divulgação), cuja semelhança com o Renato original, parece sobrenatural. A Monica, amiga-tetéia, jornalista, escritora e uma tenaz conhecedora de arte, conferiu lá no Rio, sua terra, e já mandou dizer que é imperdível. Se te assusta o fato de ser no Grande Teatro e coisa e tal, confira o preço dos ingressos e se ‘desassuste’.

Apreciou rock do melhor calibre e agora não quer chegar tão cedo em casa? Pensaria o mesmo! Ainda mais se o bar Social, o melhor dos melhores atualmente em BH, estivesse com as portas abertas amanhã. Já que não, antecipo o programa que seria o último – teoricamente! Antes, porém, forre o estômago. Vale desde o hot dog da Prudente, passando pelo infarto frito (torresmo pururuca) do Maria de Lourdes Botequim, ou pela tradicionalíssima margherita da Piú, até os fantásticos rolinhos de camarão do Bistrô D’Artagnan, todos à Rua Marília de Dirceu, ou muito próximos.

O gran finale fica reservado para a noite histérica – rock edition – da Mary in Hell, lugar com gente interessante e, rotuladamente, alternativa. Se sofrer de falta de ar, não entre. Mas se isso é pouco para o que uma madrugada pode nos apresentar, go ahead e abrace o capeta! Ai ai ai...

Anna, a francesa ‘frou-frou’ que nos arrebata



Em mais de duas décadas de vida, uma das definições mais bem-humoradas sobre os comunistas foi a que escutei na última quarta-feira. Anna, a little lady de A Culpa é do Fidel (vide imagem), os definiu impiedosamente como “vermelhos e barbudos”. Não tão impiedosamente, afinal foram eles, mais o Fidel, evidente, os culpados pela vida esquisita que a menina, em questão de poucos dias, passou a levar. Esquisita e engraçada na mesma proporção, é o que, nós, espectadores acabamos por concluir. Conclusão esta, preciso dizer, que não chega de mão beijada, mas no momento que deve. E dessa forma, Julie Gavras, a diretora, se apresenta intensa e terna, em dose equilibrada que a conduz muito mais pelo caminho dos acertos.

Inesperadamente, Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey), a garotinha francesa cheia de ‘frou-frous’, olhares e ‘não-me-toques’, precisa administrar a nova rotina, calcada, vejam só, em preceitos comunistas. A casa com o imenso jardim dá lugar a um apartamento apertado, com um quarto a menos. A divisão com o irmão mais novo e barulhento, François, é inevitável. A babá cubana, simpática e dona dos mimos aos quais Anna sempre recorre, é despedida, pois além dos mimos, é a dona das opiniões mais ferozes sobre o comunismo de sua terra pátria. Em substituição, babás estranhas que levam suas esquisitices para as atividades culinárias. Anna não suporta! Mais ainda, sua ausência nas aulas de catecismo do colégio católico hiper conservador, mas para o qual ela é só sorriso. E assim, a cada mudança, a ira de Anna eleva-se a patamares divertidíssimos.

Essa transformação, volto a fita, passa a existir depois que Marie (Julie Depardieu) e Fernando (Stefano Accorsi), pais de Anna, compram a briga de Marga, irmã espanhola de Fernando, que passa a morar na França, após a morte do marido, um militante contra a ditadura de Franco. Parte de um cenário, no qual figuram Fidel, De Gaulle, Franco, Salvador Allende e pensamentos e ações, até então, subversivos, é ótimo que isso na obra de Gavras tenha conseguido ficar magistralmente em segundo plano.

Longe de ser um filme panfletário, “A Culpa é do Fidel”, adaptado livremente do romance Tutta Colpa di Fidel, da jornalista italiana Domitilla Calamai, concebe uma história que pontua principalmente o crescimento – doloroso e abrupto, porém, o que orienta e, em grande parte, define. Tão marcante que nem o Mickey Mouse, “um símbolo fascista do imperialismo”, segundo descreve Fernando, tampouco Papai Noel, barbudo e vermelho, lembrado pelo irmãozinho numa cena deliciosa, hão de duvidar. Anna crescendo é uma das melhores constatações do cinema atual.


A Culpa é do Fidel
(La faute à Fidel, Itália / França, 2006)

Direção: Julie Gavras
Elenco: Nina Kervel-Bey, Julie Depardieu, Stefano Accorsi, Benjamin Feuillet, Martine Chevallier, Olivier Perrier, Marie Kremer
Duração: 99 min.

Humildade



Minh'alma está deserta.

Trocaria as mãos fecundas, ocupadas e imensas
por um tocar ao vento

- de andorinha.

[Foto: Eduardo Barrento]

10 de março de 2008

Hoje ela está compreensiva como quer estar

Os olhos imperdoáveis, severos
sem meiguices.
Carga muito pesada esta.

Até ficar singela e dormir de novo
há um livro sendo escrito.

Num rompante de puro susto e terror
ele há de pegar numa poesia afinada, enfeitada
e prolongada em pergaminho.

As coisas tristíssimas serão somente tristes
em tom de extrema sobrevivência.

Um dia.

9 de março de 2008

Aos passos de Jerônimo



“Nessa vida, menina, é preciso rir e ter fé!”

Com Jerônimo foi assim numa tacada só. Dos personagens que ‘coleciono’ das idas e vindas da cidade de São Paulo, um dos mais irreverentes vem a ser, sem dúvida, o papa-jerimum, dono da frase-conselho acima. E tudo ocorreu porque me vendo soltar uma gargalhada (se quiser o mesmo, leia as páginas de estilo da carta capital desse mês!), o nordestino não fez qualquer questão de discrição – ainda bem! Ao contrário e sem acanhamento, o que valia era acompanhar a matéria da minha revista, cujo interesse era evidente.

Assim, com a frase do começo já pronunciada, Jerônimo Cabral transformou o vôo 1273 num bate-papo, capaz de deixar pra lá qualquer resquício do caos aéreo. Em pouco mais de meia-hora, Jerônimo, que se considera um homem calado e observador, me contou estórias da família e da profissão, que junto com a mulher e o único filho, formam sua tríade de xodós.

Pois bem, o que guardo no giro da memória, então, é essa vida comum de um homem incomum. Ao lado disso e em tempos minguados de fé, essa espécie de consolo que gente assim me traz.

2 de março de 2008

“ - Antes de mais nada, fica estabelecido que ninguém vai tirar o meu bom humor.” (Fernando Sabino)



Em tempos de rotina árdua, parar para pensar em coisas que dão graça aos dias, esmagados normalmente pela mesmice, é um grande feito. Na sexta incomum do dia 29 de fevereiro quase tudo teve tremenda graça. O cumprimento exaltado do costumeiro frentista às 6h30 da manhã. As conversas fiadas e afiadas com o amigo cômico do trabalho. O trabalho. A volta pela Savassi pós-almoço. A siesta de acanhados minutos e muitos cafés. A tarde corrida, ao computador, ao som de Mercedes Sosa...

Em comunhão ao O Sentimento do Mundo, no qual “[...] O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, / a vida presente”, e embora este post seja um prato cheio para Augusto Cury, desejo dias compridos de graça não só em anos bissextos. Façamos por merecer.

Beija-cor



Este poema gostoso é uma das várias lindezas concebidas por Leo Cunha, meu ex-professor de jornalismo cultural, e escritor de mão cheia. O ‘beija-cor’, com mais diversos bons poemas, fazem parte do livro Lápis Encantado, publicado pela Quinteto, e um dos vários já escritos por ele. Em época de coelhinhos, páscoa e chocolates, sugiro também os poemas apetitosos do Leo. Encante-se e lambuze-se! :)

28 de fevereiro de 2008

Salve Manoel de Barros!


"Desaprender oito horas por dia ensina os princípios."
E são eles que nos salvam.

Num só abraço



A primeira coisa que veio à sua memória foi uma lareira. Apesar da recordação ter durado alguns minutos longínquos ela não supôs que sua cabeça fosse boa. Era, tanto quanto ela podia imaginar, bastante ordinária. De qualquer modo, sendo ou não sendo banal, naquele pouquíssimo tempo ela havia se lembrado de coisas que em épocas normais levar-se-iam, no mínimo, três dias para que tudo se colocasse naquela ordem. Como disse, lembrou-se da lareira e de um pouco mais e danou-se a chorar. Topetuda que só vendo, ela conservou-se grande e incógnita. Seu chororô durou bem pouco. Foi o tempo que sua primeira lágrima levou até cair ao chão e sumir. E não foi para tanto. Dentro de toda aquela grande dor não existia som de pancadas, tiros, pragas nem de tilintar de esporas. Era um medo meio besta. Um medinho, que segundo ela, vinha lá da alma, de um canto da alma, talvez. Era receio de começar de novo. Zangava-se ao perceber que até quando dormia ele aparecia de um jeito ou de outro. E quando já era dia, zangava-se ainda mais quando percebia que lá estavam os devaneios de quem inda lembra, de quem inda tem apreço e de quem inda gosta demais. Do seu azedume até ela já devia estar farta. Mais ainda empanzinada de sorrisos amarelos e dias de nenhuma cor. Era coisa só dela, ninguém era capaz de ver, muito menos de sentir. De toda história, confesso, não sei. Só me disseram que dia desses o amor dela voltou. Voltou porque nela havia pedaços dele próprio. Penso que devem estar encolhidos um no abraço do outro, misturados num só corpo, vivendo felizes, em clemência àqueles que nunca tiveram um grande amor.


25 de fevereiro de 2008

I drink your milkshake!



Após ler a matéria de capa da Revista Veja dessa semana, saber que artista que pinta com pênis vai concorrer a prêmio máximo na Austrália, ouvir que a Amazônia Legal terá fiscalização permanente em áreas devastadas, assistir à prisão do homem-aranha, e constatar que a premiação do Oscar foi um sucesso, me resta, assim mesmo sem adjetivos!, deixar em ‘alto’ e bom tom meu boa noite. Aliás, à vitória comovente de Marion Cotillard (atriz de Piaf!), o meu - ainda que chinfrim - bon soir! :)


24 de fevereiro de 2008

Após três tentativas de me dar bem no mundo dos blogs...


O primeiro, o ‘Pão de queijo’, gostosíssimo como o nome sugere, criado e escrito em parceria com as jornalistas Keila Vieira e Isabela Senra, deu muito certo. Ficamos durante uma semana na lista (acho que da globo.com) de blogs mais lidos do país. O ‘Primeiras Estórias’, cujo nome era um singelo tributo ao livro de Guimarães, era escrito – com uma freqüência de dar inveja aos blogueiros mais disciplinados – apenas por mim. O que deveria ser um exercício quase diário de cronista transformou-se em relatos excessivamente pessoais. Cansei e penso que meus leitores, idem. O 3º, coitado!, teve uma existência infame. Durante pouco mais de um mês foi alimentado com dois únicos posts. Sem mais dizer, um fracasso.

A 4ª tentativa, esta, ainda que seja precoce dizer, pretende ser a mais bem-sucedida. “Ao correr da máquina”, não terei a preocupação de ser interessante. Assim, como quem não quer nada (é um charme dizer isso!), deixo livre o que quiser ser parido. De tolices a divagações filosóficas, com rima ou sem rima, este é meu espaço.

Aprendendo a viver, com um pouco menos de pretensões, apresento-lhes o “A graça é este instante”. Deite e role. Farei o mesmo.

Com carinho,
Renata.