23 de março de 2008

Em "Chega de Saudade" é melhor ir além, nem que seja em uma só noite



O novo filme da diretora Laís Bodanzky, Chega de Saudade, certamente deve estar colhendo vários elogios nessa sua recente temporada de lançamento. Além do roteiro de Luiz Bolognesi muito bem alinhado, a fotografia do mestre Walter Carvalho desconcerta. Mestre como a poucos pode-se conceder essa façanha. Muito mais do que um bom artifício técnico, a fotografia de Carvalho no segundo longa de Bodanzky (o primeiro foi “Bicho de Sete Cabeças”), se apresenta como personagem. E sua boa interpretação, mais os rodopios da câmera, redefinem por completo o que poderia ser ‘simplesmente’ um bom filme. Mais do que isso, é uma verdadeira ode ao empenho, ousadia, labuta, risco, paixão pelo cinema!

A diretora, quando participou da pré-estréia em Belo Horizonte, dentro da programação do projeto Sempre Um Papo, disse aos espectadores que parir aquele filme havia lhe custado noites longas de insônia. E perguntada sobre a diferença do “Chega de Saudade” e “Bicho de Sete Cabeças”, ela foi enfática: “Por incrível que pareça, Chega de Saudade foi muito mais difícil de fazer. A relação entre os personagens é muito mais complexa, sem contar a própria dinâmica do filme.” Imagino que não tenha sido mais difícil, porque Laís, com calibre para isso, se cercou de gente boa demais. Além de Carvalho e Bolognesi, estão Paulo Sacramento na montagem, Marcos Pedroso na direção de arte, BiD na trilha sonora (uma delícia!), Caio e Fabiano Gullane na produção, dentre outros.

Os personagens, vibrantes até quando quietos, parecem se valer da máxima de que a vida é agora. Todos, exatamente todos, querendo tirar uma casquinha do tempo presente. Para tanto, emoções à flor do baile, já que toda a história se passa em um numa única noite. Ao som da banda ‘Luar de Prata’, na qual Elza Soares e Marku Ribas são os crooners, Tônia Carrero, Leonardo Villar, Cássia Kiss, Stephan Nercessian, Betty Faria, Mirian Melher, Maria Flor, Paulo Vilhena, dentre outros, sacaram que os personagens a que dão vida não estão ali por acaso. Afinal, é melhor ir além, ainda que em uma noite apenas.

Assim como fizeram os últimos longas sanguinários do cinema nacional, espero que “Chega de Saudade” possa levar milhares de pessoas às salas de cinema. Além disso, que a nova obra de Laís possa incitar a discussão de que, ao contrário do que ainda se diz, nosso cinema há tempos atravessou as fronteiras da Cidade de Deus.


Em cartaz em Belo Horizonte:


17 comentários:

Anônimo disse...

Renata, você escreve muito bem. É claro que depois de ler sua crítica, impossível não ir ao cinema conferir o Chega de Saudade o mais rápido possível.

Parabéns.

Ricardo Soares disse...

ainda não vi mas quero assistir...quanto ao filme "a culpa é do fidel" falou -se duas vezes sobre ele no meu blog... se tiver curiosidade,leia...kiss

Anônimo disse...

Sinceramente não pensava em ver o filme da Laís. Sei lá, estava com outros em mente. Mas vou e logo, porque sua crítica realmente vende muito bem o peixe. Gostei do seu espaço que, além de tudo, traz bons poemas. Você é uma escritora de mão cheia, Rê (posso te chamar assim?). Beijos.

Anônimo disse...

DELICIOSO! Foi o convite e o filme!
Topei sem nem saber o estaria me esperando no Sempre um Papo daquele dia... Nem onde deveria ir. Mas entrei no site e fui logo me empolgando.
Não li a sinopse não. Deixei que me surpreendesse.
Saí do Pátio aquele dia bem contente com o que vi e ouvi. O filme é lindo, o bate papo foi ótimo, e ver os amigos é sempre maravilhoso!
Super recomendo esta obra também. E claro, Rê, VOCÊ ARRASA!

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

Oi, Renata.
Parabéns pelo texto, você realmente escreve muito bem.
Quanto ao filme, tá anotada a sugestão. Tô te linkando lá no meu, porque gostei do seu repertório. Parabéns pelo blog, e pelos assuntos inteligentes.
Beijão

Blog do M@rcondes disse...

Rê: Um bom texto é muitas vezes melhor que muitas outras coisas que também são boas. Parabéns e voltarei sempre.

Anônimo disse...

Seus comentários sobre o filme me remete ao bom papo de segunda a noite, sobre 1808 e a cultura brasileira, a miscigenação e etc. Te ver e falar com você foi surpreendente, quero conhecer a Renata que com todo o conteúdo deve ter um coração maior ainda.
Estou muito curioso...
Alexandre

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog, coloquei vc entre os meu links amigos.
Um abraço.

Anônimo disse...

Saudades de vc também, quando vem pra cá???
Parabéns por todas as matérias cheias de poesia, inspiração...
Se vc estiver aqui neste final de semana, vou tocar com a orquestra de Câmara da USP na sexta às 20:30 no Anfiteatro Camargo Guarniere, USP e domingo às 16hs no MASP, se puder aparecer será ótimo!!! Depois talvez em Genésio....
Beijão

Anônimo disse...

muito bom!

Anônimo disse...

Olá Renata!

Parabéns pelo blog. É sempre bom ver que tem gente boa que gosta de cinema/arte. Já estou com vontade de assistir o "Chega de Saudade". Ótimo texto, você escreve para algum jornal ou revista? Se ainda não, tem editor perdendo por aí um talento... A propósito, já te disse pelo MSN uma vez mas vou repetir: Seu sorriso continua lindo e cativante. Parabéns!!! Abraço. Deivison

Joana Imparato disse...

Já te disseram que - neste blog - estás a escrever como um gajo muito sério? Pois é... mais um outramento conquistado, né Dona Renatinha?
Neste final de semana acontecerão coisas muitas - ou muitas coisas - de dança aqui na grancitté. Além do ciclo 1 ano do Ro. neste interim, passarei no cinema para ter saudades... nem que me chegue!
um beijo da Jojo

Anônimo disse...

Querida Rê,

Seu blog está sensacional! E que convite, hein: "lê-la" é algo imenso, da expressão aos significados.

Bjão!

Raphael disse...

Rê, uma poeta da simplicidade. Uma fada que como poucos consegue decifrar o encanto das palavras e absorver sentimentos. O resultado de tamanha dedicação está aqui neste blog. Uma personalidade única, fascinante. Aliás, desculpe minha querida amiga a demora em postar aqui. Mas enfim, aqui estou, contemplando maravilhado este dom maravilhoso que Deus lhe deu. Depois de ler e reler cada tópico aqui, acredito que irei acompanhar estes filmes com total atenção baseado em suas palavras. Rê, parabéns pelo blog, pela simplicidae de descrever em poucas linhas essa pureza. Um super beijo para você, aliás, com muitas saudades...

Renato Alt disse...

Como aspirante a pretenso ator, agradeço demais a você que com palavras tão belas presta uma homenagem ao cinema. Parabéns (de novo) por este maravilhoso espaço.
Beijos.

Unknown disse...

Os dias estão passando cada vez mais rápido! Os momentos deixam de ser explorados e, num instante, se tornam... passado. Há alguns dias, em um desjejum, entre tantos pensamentos sobre tarefas, compromissos, eu parei! Prometi para mim mesmo que iria viver aquele momento aproveitando tin, tin, por tintin. Não é que o café ficou mais saboroso? É! Queimei a língua com essa brincadeira, mas valeu a pena. Dei mais valor ao momento.

O filme citado parece-me ser bem por aí. Afinal... “A vida é agora! A Graça é neste instante, nem que seja em uma só noite”. Fiquei curiosíssimo. O texto ajudou também. Não, não. Praticamente me obriga a ir ao cinema. Aliás, os textos desta autora não são para serem lidos, mas sim degustados, como os vinhos e sorvetes de Tapioca.

Outro dia mesmo dei um berro: "Chega de saudadeeeeeeee". Fui visitá-la. Já não via essa amiga querida já algum tempo. Foi ótimo, mesmo por alguns minutos, revê-la, papear um tiquinho e, claro, matar a saudade!

Diêgo Salviano

Leo Frade disse...

Valeu pela dica!!! De fato, estou precisando saber mais sobre o que anda rolando em materia de novas produções cinematográficas ai nas terras tupiniquins...

Apesar da correria que estou nela ultimamente, preciso conseguir um tempinho pra ver esse filme... sem falar no A culpa é do Fidel... ;)

Vou tentar postar sobre a musica Romena no meu blog como vc sugeriu... abs